Pela janela eu via a chuva cair suavemente e sem pressa, na escrivaninha muitos trabalho a serem feitos, me pego perdido em meio as memórias de todos os dias ensolarados que ficaram esquecidos nos álbuns de fotos. Pego uma folha do meu caderno de anotações e reflito sobre tudo o que eu vivi e chego a seguinte conclusão:
Hoje percebo que todas as coisas que me pareciam bobagem me fazem muita falta, sinto falta dos pequenos detalhes, de todas as rotinas, de todos os risos sem motivo, de todos os abraços, de todas as brincadeiras, de todas as discussões bobas, de todas as conversas de 15 minutos, de acordar 4 horas da manhã para estudar para a prova do colégio, de inventar desculpas por não ter feito a lição de casa, de cortar a fila para comprar lanche, de ficar louco esperando o relógio soar 11:30, de ficar com raiva dos professores por causa daquela prova, de contar os dias para as férias e depois contar os dias para voltar para a escola, de escolher cuidadosamente cadernos e todo o resto do material escolar, de todas as tardes com minha irmãzinha sem ter o que fazer ou mesmo pensar, de todas as piadas, de todas as guerrinhas de travesseiros, de todas as sonecas durante a tarde, de todos os segredos, de todos as guloseimas e brigadeiros caseiros, de todas os capítulos repetidos de Chaves, de todas as musicas que foram cantadas mesmo sem saber a letra .
Sinto falta de todas as noites em que eu durmia e sabia o que e quem iria encontrar pela manhã.
Sinto falta de quando tudo era mais simples.
Sinto falta daquele tempo que eu pensei que jamais acabaria.
Sinto falta de tudo aquilo que eu não posso mais ter.
E sei que mesmo que tentasse repetir, jamais conseguiria,
porque já não sou mais o mesmo e as pessoas que participaram desses momentos indescritíveis, também já não são. A própria vida já não é. É só saudade de um tempo bom que passou e que cedeu lugar pra novos momentos.
Daqui 10 anos estarei escrevendo outro texto relatando a saudade do que estou vivendo hoje e não mais se repetirá.
