quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ensaio de um Suicida em Potencial

Já são quase três e trinta da manhã.

Dizem que a essa hora só os loucos e os que sofrem permanecem acordados.
Nessas próximas linhas que eu não mereço , falarei de minha dor.

Hoje os meus passos vão ficar, e o que um dia será carregado pelo vento serão vistos pelos meus olhos, mesmo que sejam somente lamentos.

Hoje, percebi o quão a minha vida é frágil, e como acabo com ela nas doces palavras do poeta que diz “homens perdem a saúde para conseguir dinheiro, e depois gastam dinheiro para recuperá-la”. Não sou nem um artista!

Gasto todo o tempo escasso dos meus dias com os outros. Meus amores, amigos, colegas, professores, estranhos.. E no fim do dia já não me resta mais nada, a não ser trocar parte do tempo que eu deveria descansar e dedicar a algo realmente pra mim. Não tenho suficiente pra dedicar à medida de cada pessoa que sustenta minha vida, tampouco para dedicar a mim mesmo.

Será que sou artista? Aparência eu já tenho. Desleixo e barba por fazer. Faltam-me as palavras.

Daria pra escrever um livro se eu fosse contar o quanto me custa tentar ser feliz. Talvez mais caro do que as minhas moedas possam pagar... talvez mais complexo do que o meu raciocínio possa calcular. No final das contas não sei o que acontece, não sei se minha vida vai valer apena, se vou existir amanhã. Deveria seguir em frente, mas me faltam os motivos...

Já não me importa os clássicos, pro inferno com as maiores obras literárias de todos os séculos, se preciso for largo mão dos adágios bachianos, dos teatros da tragédia, do gymnopedie e dos estudos em notas menores... Quero que a vida beije os meus lábios e então farei fogo com todos os meus ensaios...

Sinto vontade de morrer, no entanto sou covarde demais pra isso, portanto, por mais que eu esbanje a frieza de um homicida, tudo isso não passará de um ensaio para cartas de um suicida...

Espero que a Vontade de Deus me leve aonde a sua Graça possa me proteger.