sábado, 1 de maio de 2010

A Dor de Palavras Impensadas


Verba sicut ventus volant, scripta sicut. As palavras voam e os escritos ficam. Assim dizia meu professor na faculdade, o qual fazia questão de nos familiarizar com seu latim.

Queria ele nos fazer entender que as palavras são esquecidas, por isso devemos reduzir a escrito tudo o quisermos assegurar ou garantir veracidade num futuro qualquer.

No meu mísero e limitado português, sou obrigado a discordar em parte do seu pensamento, adotado dentro do Direito como regra para dar validade e eficácia a qualquer contrato.

As pessoas esquecem o que querem esquecer, ou o que as convém. Algumas palavras, mesmo que curtas e desprezíveis, jamais serão apagadas da memória. E é mais comum do que parece. Qualquer pessoa já se viu ou ouviu alguém dizer o quão magoada está com outrem que lhe proferiu palavras desagradáveis e ofensivas.

Essas palavras são como cicatrizes na alma. Não importa quanto tempo transcorra, elas estarão sempre lá visíveis e reais aos olhos. Outras são como feridas mais profundas, que nunca secam e cicatrizam. Essas últimas são as que vêm de quem amamos, admiramos ou nutrimos algum sentimento bom. São palavras vindas como punhalada às costas, principalmente pela forma inesperada com que são proferidas.

As vezes criamos tanta expectativa e depositamos tanto nossas vidas em determinadas pessoas, que inconscientemente acreditamos que podemos fazer delas nosso porto seguro. Achamos que jamais irão nos decepcionar ou nos magoar. É realmente triste saber que isso apenas nos é real lá nesse inconsciente.

Não que essas pessoas tenham a intenção de nos machucar, apesar de que, posso quase afirmar o contrario quando isso me acontece.

Frases desorganizadas ou pensamentos mal formulados, são ótimas armas pra atacar alguém e deixar nela aquela cicatriz ou mesmo a ferida aberta se for o caso. Mesmo falando o mesmo idioma deve-se tomar um cuidado excessivo em qualquer comentário, principalmente se sobre nós, estiver pairando aquela nuvenzinha escura de rancor.

Sarah é uma grande amiga que conheci no colegial e com ela aprendi inúmeras coisas, e passo agora a dividir algumas e talvez a mais preciosa. Dizia ela que devemos nos despedir com carinho de qualquer pessoa, pois poderá ser um real adeus; que devemos falar devagar pra pensar um pouco antes de pronunciar as palavras, talvez se evite assim algumas desnecessárias; que a cada desencontro ou atrito com outrem, devemos abster de discussões, pois palavras vão ser ditas e elas são como uma pedra lançada; Por fim, as palavras doem mais que tapas, pois machucam a alma e nem sempre a dor vai passar, diferente de agressões no corpo.

Vale dizer, que certas palavras não precisam ser ditas, bastando para tal, um gesto, uma ação ou uma atitude.

Para bom entendedor, pingo é letra, pode ser uma palavra toda, uma frase ou uma crônica inteira chamada A Dor das Palavras Impensadas.